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quarta-feira, 1 de abril de 2020

O impacto da epidemia do coronavírus nos alvoradenses espalhados pelo mundo

O Jornal A Semana conversou com cidadãos espalhados por quase todos os contintes
"Leonardo Ceresa esteve em quarentena até a quinta-feira, 26/03,
após ter realizado exame para saber se estava com o vírus"
(Foto: Divulgação)

A epidemia do coronavírus vem causando milhares de mortos e problemas econômicos, sociais e de saúde pública por onde passa. Existem países onde o pior já passou, como na China; locais onde o ápice ainda está em vigor, como na Itália; e países onde a tendência é que piore, como o Brasil. Pensando nisso, a reportagem do Jornal A Semana procurou alvoradenses espalhados pelo mundo.

O objetivo é compreender as ações que cada país está tomando, como está a saúde pública e os aspectos econômicos nos mais diversos continentes. Apenas o continente africano que não foi possível localizar nenhum alvoradense – até o fechamento dessa edição. Cabe ressaltar que Alvorada já tem dois casos confirmados e muitos especialistas acreditam que o ápice da doença ainda não chegou ao país.

O início de tudo

Os primeiros casos da doença surgiram na China, dentro do continente asiático. Lá, na cidade de Changchun, vive Leonardo Ceresa, 30 anos. Ele conta que o governo chinês trabalhou muito para conter o vírus assim que teve consciência do quão grave era a situação do país. Tanto é que, além das medidas de quarentena e fechamento das cidades, eles construíram um hospital em onze dias.

Ele explica que o controle está sendo feito com as pessoas que estão retornando ao país. “A manobra deles hoje é fazer com que os residentes que estão regressando ao país sejam monitorados pelo governo para que o vírus não retorne. Como a situação na China está controlada, todo estrangeiro que retorna da China é obrigado a fazer quarentena em um hotel do governo”, afirma Ceresa.

A doença também mudou toda a rotina de trabalho do alvoradense, que estava de quarentena até quinta-feira, 26/03. “Eu sou fisioterapeuta em um clube de futebol e o esporte parou no país e a gente não tem a perspectiva de retorno. Tem atletas treinando de casa para seguir os treinamentos. Temos relatos de jogadores que pegaram o vírus e ainda não existe previsão de retorno”, explica o fisioterapeuta.

Para o alvoradense, um dos principais motivos para que a doença tenha sido contida está no isolamento social. “As pessoas são muito submissas e respeitam muito a posição do governo. Quando existe uma regra, ela é obedecida pelos cidadãos chineses. Ninguém saia de casa e fechou tudo. Eles fizeram como deveria ser feito e agora estão conseguindo superar a doença”, encerra Ceresa.

Oceania

Na Austrália mora o alvoradense Moisés Pfluck, que afirma ver nos noticiários sobre as incertezas da pandemia e quando vão parar as construções – ele trabalha nessa área. Já o comércio está parcialmente fechado e com restrições (não pode comer dentro dos ambientes) e os mercados colocaram em vigor horários especiais para atendimento aos idosos que moram no país.

Contudo, ele afirma que a Austrália onde ele reside não se compara ao país onde nasceu. “O Brasil está dando um show para a Austrália de como conter essa pandemia. Aqui apenas essa semana as universidades pararam as aulas. Apenas agora é proibida a ida às praias ou muita aglomeração. Sentimos aqui que o governo é muito fraco em relação a isso, mesmo tendo uma proximidade com a China”, confessa.

E essas mudanças interferiram um pouco na rotina dele, apesar da construção civil seguir normalmente mesmo com a epidemia do coronavírus. “Precisamos reduzir as saídas. Quando vamos ao mercado é direto o que queremos comprar e já compramos para a semana toda. Não fizemos estoque, mas vamos apenas uma vez na semana ao mercado”, afirma.

Ele explica que a Austrália não tem recessão há 20 anos, por ser uma economia muito forte e consolidada, mas que o coronavírus pode interferir na economia. “Como podemos ver no mercado global, as empresas chinesas agora estão voltando ao normal e saindo às compras mundo à fora. E sendo a Austrália um destino muito procurado pelos chineses, é possível que a economia volte ao normal”, conclui Pfluck.

O velho continente

Já Virginia Brum, 27 anos, mora na Irlanda há um ano e dois meses. Ela conta que os noticiários falam do coronavírus diariamente. “Assim como em outros países, tiveram as pessoas que se apavoram mais e não buscam informação. Os supermercados foram esvaziados nos primeiros dias, tinham filas de espera do lado de fora, o álcool em gel e máscara foram os primeiros a acabar”, explica a jovem.

Segundo ela, por causa disso, as redes de supermercados precisaram fazer um comunicado geral avisando que não faltariam alimentos, nem papel higiênico. As escolas e universidades cancelaram as aulas. A grande maioria dos comércios fechou e as empresas estão trabalhando em home office. Todos os bares e pubs serão fechados a partir de 29 de março e o Saint Patrick’s Day foi cancelado.

A alvoradense explica que a maior orientação é a de que as pessoas fiquem em casa o máximo possível e a grande maioria está respeitando isso. “Acredito que o Governo tem se esforçado bastante para conter a epidemia. Talvez eles precisem intensificar, mas por hora, a maioria das pessoas estão respeitando as medidas de contenção.”, salienta Virginia.

A jovem afirma que a situação dos vizinhos deixou a Irlanda em estado de alerta desde o primeiro caso. “Ainda não há uma perspectiva sobre o achatamento da curva, mas se acredita que o pico não será elevado à ponto de superlotar os hospitais e alguém ficar sem atendimento. Algumas pessoas falam que talvez o governo faça como a Itália, e se feche completamente, mas isso é só especulação”, finaliza a alvoradense. 

Continente americano

O lutador de jiu-jitsu alvoradense Líbero Maiato Junior mora nos Estados Unidos devido a sua profissão. Ele conta que os números não param de subir e a tendência é que aumente. Muitos americanos estão se mudando para a Flórida devido as condições climáticas, mas o governador já cogita fechar o estado. “Todos estão vindo para cá com medo coronavírus”, confessa o alvoradense.

Contudo, por mais que os noticiários estejam alertando, existem pessoas que seguem sem respeitar as orientações da Organização Mundial de Saúde. “As pessoas estão ignorando as ordens de ficar em casa, e roda de pessoas eu não vejo pois nós da academia não estamos trabalhando, academia fechada e não fizemos ajuntamento, estamos muito regrados com esse caso de infecções em massa”, afirma Maiato.

Maiato explica que, apesar disso, as empresas e indústrias estão sendo fechadas e o governador liberou verbas de $500 para cada criança e $1.000 para os adultos. Além disso, está sendo distribuído ranchos pela ONU para que os moradores não precisem sair de casa. As multas para quem não respeita a determinação são altas e apenas mercados, farmácias e postos de gasolinas estão em funcionamento.

Ele afirma ainda que o coronavírus vai mudar a rotina dentro das academias. “No trabalho não tem o que fazer porque o contato é direto com o aluno. Não tem como evitar. Enfim vamos cuidar mais para não ter pessoas gripadas no treino. Esse tipo de atenção vai mudar sim, vamos cuidar mais da saúde dos atletas pedindo que fiquem em casa sem treinar caso tenha um resfriado ou gripe”, conclui o atleta. 

Fonte! Jornal A Semana de Alvorada (RS), na sua edição semanal do dia 27 de março de 2020.

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