Monumento a Cenair Maicá foi instalado em São Miguel
das Missões em fevereiro e aguarda condições favoráveis para evento de
inauguração / Letícia Belmonte / Divulgação / JC
|
Agora, esse caminho possui um novo nome: "Rodovia Cenair Maicá".
Pois, no ano passado, a Assembleia Legislativa aprovou um projeto de lei
de autoria do deputado e músico Luiz Marenco, que propôs a homenagem.
É também na cidade de São Miguel que outro tributo está sendo
preparado. Já está em pé desde fevereiro uma estátua de Cenair Maicá, de
quatro metros de altura e quatro toneladas de concreto armado. Devido à
pandemia de Covid-19, a festa de inauguração está adiada por tempo
indeterminado, bem como a conclusão da praça no entorno.
Essa homenagem contou com fãs do missioneiro que realizaram uma
campanha de arrecadação e o apoio da prefeitura municipal. A escultura é
obra de Vinicius Ribeiro, autor de monumentos a outros artistas, como
Jayme Caetano Braun, Mano Lima e Noel Guarany.
Desde que faleceu em 1989, Cenair Maicá se consagrou em uma série
de reverências nos municípios em que viveu. Na terra natal, Tucunduva, e
em Santo Ângelo, logo batizaram travessas com seu nome. A comunidade de
São Luiz Gonzaga inaugurou um palco e os santo-angelenses instalaram um
busto do cantor, confeccionado por Tadeu Martins, e um mausoléu no
cemitério onde estão seus restos mortais.
Sua presença também se impôs postumamente nos palcos e fonogramas.
Além do relançamento de alguns LPs em formato CD, em 2004, filhos,
irmãos e sobrinhos reuniram-se e gravaram um primeiro álbum
interpretando músicas de Cenair para marcar 15 anos de saudade. Uma
década depois, gravaram outro.
Neste meio tempo, Patrício Maicá lançou um disco tributo ao pai, contendo uma canção inédita, Potranca tordilha,
guardada pelo violonista Paulo Guerra, que o acompanhou nos últimos
anos de vida em Soledade. O músico também esteve envolvido em uma série
de shows realizados na cidade em homenagem ao colega. "Cenair era
fantástico, muita simplicidade, mas muito conhecimento, um verdadeiro
mestre", recorda.
As composições de Cenair Maicá são pedras fundamentais do
repertório missioneiro. Trinta anos depois, seguem ganhando regravações,
a exemplo das que Angelo Franco registrou para Balaio, lança e taquara e Mágoas de posteiro. "Todo missioneiro da minha geração já nasceu ouvindo, já nasceu fã do Cenair Maicá", afirma.
Mas de onde vem tanta reverência? Para compreender um pouco desta
importância, buscamos nesta reportagem recuperar arquivos e depoimentos
que ajudam a pontuar a trajetória de Cenair Maicá. Uma das principais
fontes está na biografia escrita por Valter Portalete, que desvenda
detalhes de sua vida e de sua morte, em 1989, por complicações nos rins,
após uma série de problemas que teve desde a juventude, quando foi
baleado.
Conversando com o filho Patrício, sabemos que seu pai era uma
pessoa muito calma, embora artisticamente inquieto. "Pai estava à frente
do tempo dele", afirma. E confessa que tem muita saudade: "Eu queria
ver o pai vivo hoje, ver sobre o que estaria escrevendo". Nos últimos
anos, Patrício tem se dedicado ao legado musical de Cenair Maicá, pois
percebe que há reconhecimento. Por isso, emociona-se ao cantarolar uma
das canções: "Mas se algum dia meu cantar for sufocado/ Por negra morte
ou por capricho do destino/ Há de ficar meu canto xucro perpetuado/ No
assobio de alguma boca de menino".
Já o historiador Tau Golin, amigo de diversas aventuras, define-o
como um baita parceiro: "Gostava de encontros, de cantar no meio das
pessoas". Ao mesmo tempo, lembra que Cenair era introspectivo, falava só
o necessário. "Lá fora, encilhava um cavalo e saía sozinho pelo campo.
Ficava contemplativo", recorda.
Além dos depoimentos de quem conviveu com o músico, acessamos
arquivos que revelam sua própria voz. Um grande achado foi uma
entrevista em áudio do acervo do Museu Antropológico Diretor Pestana.
Outro documento significativo foi uma edição da revista Tarca,
em que Cenair conta histórias de quando foi participar de um show ao
lado de nomes como Chico Buarque e Milton Nascimento, mas a censura
acabou cancelando. Na revista, fala também das origens e do
reconhecimento da música missioneira, em uma época em que predominavam
os estilos de baile serrano e sertanejo.
Por isso, acreditava ter criado um novo estilo, ao lado de Noel
Guarany, Pedro Ortaça, Chaloy Jara e Jayme Caetano Braun. "Acho que o
músico, além de cantar as coisas bonitas, a alegria, tem que ser um
porta-voz do povo", sustentava.
Cantor das águas e dos livres
Biografia do músico foi escrita por Valter Portalete e lançada em 2012/FURI/DIVULGAÇÃO/JC |
Mas logo que se começa a pesquisar a
fundo o ícone da música missioneira Cenair Maicá, por outras fontes
menos informatizadas, notam-se incongruências. Por exemplo, quando se lê
o livro Terra e cidadania na obra de Cenair Maicá (FuRi,
2012), de Valter Portalete, pode-se corrigir um equívoco repetido na
internet a respeito de sua discografia. As fontes do ciberespaço omitem
sua primeira gravação, o compacto duplo Belezas missioneiras, lançado em
1970 pelo selo Solar Discos. Em seu lugar, destacam o compacto simples
que gravou acompanhando Noel Guarany, no mesmo ano, chamado Filosofia de gaudério.
Quando acessamos as plataformas de streaming, descobrimos que apenas Meu canto (1985) e Troncos Missioneiros
(1989) estão disponíveis no Spotify e no Deezer. É preciso acessar o
YouTube para conseguir ouvir outros álbuns, mas a discografia não está
acessível de forma completa. Um dos vídeos mais acessados, com quase 300
mil visualizações, é o de uma apresentação no programa Oigalê Tchê, da
RBS TV de Chapecó, em que canta ao lado de Chaloy Jara e Jayme Caetano
Braun, no ano de 1984.
Ainda insistindo na pesquisa via
internet, no site Letras.mus.br, encontramos na página destinada a
Cenair Maicá suas 20 mais tocadas. Compilando os versos digitalizados,
foi possível compor uma nuvem de palavras com o aplicativo Wordart.com.
Desta forma concluímos que a palavra mais recorrente é "rio", seguida de
"terra", "milonga" e "amor". Esse resultado oferecido pela tecnologia
provavelmente não surpreende os fãs. Afinal, ainda em vida, ficou
conhecido no popular como Cantor das Águas.
"Quem ouvir esta minha voz levantará"
Fundação de centro cultural nativista em São Miguel e uma universidade das Missões estavam nos seus planos / ARQUIVO VALTER PORTALETE/DIVULGAÇÃO/JC |
Afirmações prenhes de posicionamento
como essa recheiam a edição número 5 da revista Tarca, publicada em
setembro de 1984. Nela, uma entrevista de três páginas. Entre anúncios
da CRT e JH Santos, o jornalista Adalberto Jardim afirmava que Cenair
Maicá era uma das vozes mais respeitadas do meio artístico gaúcho.
"Respeito que se impôs pela lucidez com que Maicá tem interpretado os
sentimentos do homem simples, que não precisa se utilizar da linguagem
rebuscada - e às vezes enganosa - para exercer um agudo senso crítico",
escreveu.
Na revista, revela-se que o cantor
estava "temporariamente afastado da atividade artística, por causa da
saúde abalada". Havia seis meses enfrentava insuficiência renal, fazendo
hemodiálise e aguardando para realizar um transplante de rim. Mas já
projetava a volta aos palcos.
Pode-se observar na fala do músico
críticas à falta de diversidade nos festivais nativistas e aos limites
do movimento tradicionalista, embora reconheça o papel importante na
preservação de raízes. Sobram reprovações também à "alienação bárbara e
americanista" do Rock in Rio, e a Teixeirinha: "Distorceu que o gaúcho é
fanfarrão, que mata 50, que dá tiro, que é agressivo". Por outro lado,
fala de projetos, como a fundação de um centro cultural nativista em São
Miguel e a criação de uma universidade das Missões.
Entrevista inédita
Noel Guarany e Cenair Maicá se apresentam juntos, mas discordam em entrevista /ARQUIVO VALTER PORTALETE/DIVULGAÇÃO/JC |
O Museu Antropológico Diretor Pestana,
em Ijuí, guarda em seu acervo uma entrevista histórica, gravada em fita
em 1982. A convite de pesquisadores, conversaram por mais de duas horas
Cenair Maicá, Chaloy Jara, Dedé Cunha, Noel Guarany e Pedro Ortaça.
Neste arquivo inédito, os músicos missioneiros comentam sobre a cena
musical da época, avaliando a conduta dos CTGs e das gravadoras. Fazem
comparações com a música folclórica argentina, que recebia subsídios
governamentais para pesquisa e difusão. Dão aula sobre a cultura e a
história das Missões, destacando o elo latino-americano, a origem do
chamamé e a presença do bandoneon.
Com volume e firmeza na voz, Cenair
intervém na conversa em diversos momentos, inclusive discordando de Noel
Guarany em alguns pontos. Adverte que não se considera pesquisador, mas
que canta o que aprendeu na infância. Fala da "infiltração" da música
estrangeira, mais especificamente a norte-americana, que teria
despertado a adesão dos músicos da região, por questão de sobrevivência.
"Nós, os poucos idealistas que sobraram, resolvemos até trabalhar em
outros empregos, mas conservamos a bela música que aprendemos", afirma.
Um dos assuntos mais abordados na
conversa foram os festivais, dos quais participou muito mais como
contratado para shows do que concorrendo. "Quem pode julgar a arte é o
povo mesmo, e não meia dúzia de pessoas que se dizem intelectuais da
música gaúcha", critica. Já quando perguntado sobre a diferença entre
nativismo e sertanejo, Cenair destaca o romantismo. Observa que não há
problema em cantar o amor, mas que o sertanejo cantava o amor "para
fazer dinheiro". E com isso não concordava.
A trajetória breve e intensa de Cenair Maicá
Cantor e compositor queria ser porta-voz do povo, gravou sete discos e faleceu aos 41 anos
ARQUIVO VALTER PORTALETE/DIVULGAÇÃO/JC |
A primeira posição que aprendeu no violão foi dó maior. Depois aprendeu gaita. Aos 10 anos já tocava e cantava nas rádios em Santa Rosa, em dupla com o irmão Adelque. Estes detalhes estão presentes na entrevista concedida à equipe do museu de Ijuí. Nela, também salienta que todos os seus oito irmãos tinham vocação musical (após sua morte, o que mais prosperou foi Valdomiro Maicá, autor de mais de 20 discos). Recuperando sua árvore genealógica, sabemos que seus três filhos mais velhos, Potiguara, Patrício e Miguel Caraí, são do casamento com Maria Geceli. Já Catira e Gabriel, que morreu aos 21 anos de leucemia, são filhos com Issara Hactz.
Cenair fazia questão de contar que ainda
criança foi morar em Misiones, na Argentina, pois seu pai era balseiro e
se instalou na região de fronteira. Essa experiência de vida teria
marcado sua obra. Logo no primeiro álbum, Rio de minha infância (1978), convidou para acompanhá-lo dois grandes músicos argentinos: Chaloy Jara e Martín Coplas.
Seu biógrafo Valter Portalete recupera
fragmentos importantes de sua importância no mercado musical. Em 1970,
Cenair Maicá conheceu o empresário Arlindo Gagliotto, que lhe propôs a
representação das gravadoras RDB, Solar Discos e Pampa Discos. Uma das
primeiras duplas descobertas por Cenair foram as Gauchinhas
Missioneiras. Diversificando sua fonte de renda, nesta época também foi
representante das máquinas de escrever Olivetti.
Uma segunda edição ampliada da biografia
de Cenair Maicá está sendo preparada pelo autor para este ano. O livro
inclui histórias das parcerias com José Mendes, com quem tocou bailes, e
com Noel Guarany, com quem venceu um festival em Santo Tomé. A partir
daí passou a pesquisar e a compor sobre as Missões. Vivendo em São
Miguel, também se aproximou de Pedro Ortaça. Seu filho Patrício relata
que lá o pai "recebia os indígenas e fazia registros, como um
antropólogo". Paralelamente, Cenair Maicá apresentava programas nas
rádios Repórter de Ijuí e Sepé Tiaraju de Santo Ângelo.
Sua vida de radialista teria
continuidade nos anos 1980, quando ingressou na Liberdade FM em Viamão, a
convite do jornalista Paulo Mendonça. "Cenair pode ser considerado um
dos compositores mais importantes de todos os tempos no Rio Grande do
Sul. Suas canções possuem signos terrunhos e leveza universal", avalia.
Às voltas com a censura
Para a revista Tarca, artista conta que disco Canto dos Livres foi censurado em São Paulo
REPRODUÇÃO/JC |
Um dos momentos marcantes de sua
trajetória se deu quando a censura do regime militar impediu que Cenair
Maicá cantasse uma canção que acabaria sendo um dos seus maiores
sucessos: Canto dos Livres. Aquela que possui os versos:
"Quisera um dia cantar com o povo/ Um canto simples de amor e verdade/
Que não falasse em misérias nem guerras/ Nem precisasse clamar
liberdade".
Hoje, para revelar as memórias daqueles
tempos, é possível pesquisar no Arquivo Nacional. Nele encontram-se
documentos processados na Divisão de Censura de Diversões Públicas. Ao
inserir as palavras-chave "Cenair Maicá" e "Canto dos Livres" no
mecanismo de busca digital do arquivo, localizam-se apenas letras
aprovadas pelos censores para gravação em disco e apresentação em
festivais. Incluída Canto dos Livres. Então, quando teria ocorrido a censura? Em entrevista à revista Tarca,
Cenair comenta o episódio: "Fomos pra São Paulo pra fazer o lançamento
do meu novo disco e nos barraram lá. Trancaram o disco, dois meses
censurado".
Em resenha do jornal Zero Hora de 1983, o
jornalista Juarez Fonseca relata que a canção "teve execução em rádio
proibida" e que Cenair estava aguardando a ação que a gravadora WEA
havia promovido para liberá-la. Já Tau Golin, que organizava shows dos
missioneiros naquela época em Santa Maria, recorda que Canto dos Livres
tinha que escolher onde ia cantar. "Havia dedos-duros e pressão por vias
não-oficiais, por isso Cenair foi realmente tocar ela em público só no
período de abertura, antes não", lembra.
Gana missioneira
Show de Chaloy Jara, Cenair e Jayme Caetano Braun está nos registros do filho Patrício Maicá
ARQUIVO PATRÍCIO MAICÁ/DIVULGAÇÃO/JC |
Cenair Maicá foi um dos Troncos Missioneiros da música e poesia popular do Rio Grande do Sul no século XX. Ao lado de Noel Guarany, Jayme Caetano Braun e Pedro Ortaça
(único ainda vivo), cantou a natureza, as lutas do homem do campo, a
história e cultura da região das Missões. O tema já foi destaque nas
reportagens culturais do Jornal do Comércio. O caderno Viver publicou anteriormente as biografias de Braun, Ortaça e Guarany.
Os Troncos Missioneiros ofereceram uma
via estética alternativa na cultura gaúcha. Iuri Daniel Barbosa, músico e
mestre em Geografia (Ufrgs), comenta que o grupo buscou abrir um outro
mercado que não era nem de festival nem de baile. E obtiveram
reconhecimento da crítica, inclusive do Centro do País. Barbosa define o
estilo inaugurado por eles como Música Regional Missioneira, para
diferenciá-la da música missioneira histórica. Até hoje, Pedro Ortaça,
Jorge Guedes, entre outros, seguem nesta linha.
Barbosa destaca que Cenair era
multi-instrumentista e analisa sua performance vocal: "Era sensível, um
cantar mais calmo, menos empostação". Também avalia os arranjos com mais
elementos harmônicos, que se aproximam de uma música mais urbana. Esta
aproximação se dá também na gravação de canções de Jerônimo Jardim e Raul Ellwanger, que foi produtor do disco Caminhos (1980).
Atualmente, sua escola influencia novas
gerações. Angelo Franco, por exemplo, conviveu com Cenair Maicá. Suas
famílias eram amigas e tocavam Baile do Sapucay em São Luiz
Gonzaga. "Tenho muita afinidade com a obra do Cenair, carinho por esta
história indígena, este respeito, este quase remorso, entre aspas, que a
gente carrega pelo genocídio indígena", revela.
Do ponto de vista estético, Franco pegou
sua influência de cantar em espanhol, e, na questão política, de "fazer
um protesto exortativo, não impositivo". Por fim, observa que Cenair
ajudou a entender que há uma música que está presente nos dois lados do
rio Uruguai e além.
Afora a vivência fronteiriça e com
indígenas, Cenair Maicá teve vivência campeira. Frequentou estâncias
próximas a Santa Maria, junto a Tau Golin. Com isto, o historiador
acredita que o amigo tentava resolver o conflito existencial entre o
gaúcho e o indígena, que gera uma inquietação estética entre latifúndio
privatizado oligárquico e a organização coletiva e familiar missioneira.
Mesmo gostando da lida campeira, teria sido responsável por tirar o
"absolutismo do imaginário do campo" na música gaúcha e trazer os
ribeirinhos. "Missioneiros como o Cenair nos colocaram na América
Latina, fizeram com que nós tivéssemos esta fronteiridade", pontua.
Lista cronológica dos LPs lançados pelo artista
1970 – Belezas missioneiras (Solar Discos)
1978 – Rio de minha infância (Companhia Industrial de Discos/Itamaraty)
1980 – Caminhos (Rodeio/WEA)
1983 – Canto dos Livres (Rodeio/WEA)
1985 – Meu canto (Gravações Elétricas/Continental)
1987 – Companheira Liberdade (RCA/WEA)
1989 – Troncos Missioneiros (Discoteca)
Fonte! Chasque (reportagem) cultural de João Vicente Ribas ( jornalista, doutor em Comunicação pela Pucrs e professor na Universidade de Passo Fundo), publicado no Caderno Viver, encartado na edição dos dias 7, 8 e 9 de maio de 2021, do Jornal do Comércio de Porto Alegre - RS. Também acessível nos potreiros da Internet: https://www.jornaldocomercio.com/_conteudo/especiais/reportagem_cultural/2021/05/791032-a-vida-e-obra-de-cenair-maica-um-dos-troncos-da-musica-missioneira.html
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