Terças - das 21 às 23h com Valdemar Engroff e Luigi Cerbaro
Sábados - 8h30 às 10h30min com Valdemar Engroff

sábado, 31 de maio de 2014

Momento da Cultura Regional 20! Escolhido o patrono dos Festejos Farroupilhas!



Benjamim Feltrin Netto


 Benjamim Feltrin Netto, nasceu em 21 de dezembro de 1937, tendo como berço as onduladas coxilhas de Cruz Alta, exatamente no Passo do Inglês, interior de Cruz Alta, hoje pertencente à cidade de Pejuçara. Seus pais, Pedro e Guilhermina Feltrin, de origem camponesa, deram ao filho excelente formação de caráter, forjado nos galpões, ungida pela seiva do mate, no calor das brasas do angico, misturada com o aroma da fumaça de cerne de cambará.

Repetindo o nome do avô, Benjamim, nascido na Itália, colono pioneiro como todos os que vieram sonhando com a “América”, o guri foi criado no interior de Palmeira das Missões, na famosa fazenda da Ramada, do Coronel Valdomiro Dutra, onde seu pai e o tio foram capatazes, posteiros. Criou-se praticamente no lombo do cavalo, só largando a prática quando veio servir ao exército, de volta a Cruz Alta. O que sabe de coisa campeira, montar, laçar, é dessa época, na vastidão das 96 quadras de sesmaria (cada quadra tem 87 hectares) da Ramada. E até hoje, quando surge a oportunidade, ele gosta de montar a cavalo e rebolear o laço. Como fez em Coxim, Mato Grosso, na homenagem recebida, na abertura do 5º Rodeio dos Campeões e em outros tantos lugares por esse Brasil a fora.

No ponto de assentar de praça, ingressou no exército nacional, onde permaneceu até sua aposentadoria, durante sua carreira militar teve um companheiro inseparável. O clarim, executando com maestria as ordens à tropa. As notas de seu clarim se misturavam com as melodias das canções Rio-grandenses. Na sua importância se figurava a personalidade do gaúcho, que conheceu todos os macetes campeiros na lida e no aconchego dos galpões, aprimorou o perfil da sua personalidade na disciplina militar. Feltrin ficou no exército até 1984, quando passou para a reserva como 2º Tenente - clarim.

Ai está sua especialidade, era a mesma de Nico Ribeiro, o lendário clarim de Bento Gonçalves, o qual segundo a tradição (e está no poema, premiado de Guilherme Schultz filho), ano após ano, por muito tempo depois da morte do grande comandante, ainda ia ao Cemitério do Cordeiro, encostas do Camaquã, tocava o “Silêncio” - in memoriam - do Chefe e amigo morto. Feltrin conserva até hoje o mesmo amor pelo clarim que fez vibrar em alvoradas, silêncios e cargas. Incorporou o clarim à sua personalidade, quando Presidente do MTG, acordava os companheiros a toque deste.

Sua esposa Neli, a grande companheira, lhe deu três filhos: Rose Mari, Francisco e Ana Claudia e três netos Vanessa, Pedro Henrique e Thiago.

Feltrin iniciou sua trajetória tradicionalista, no CTG 20 de setembro, em Santo Ângelo, no ano de 1961. Em suas andanças funcionais, no exército, passou por Santa Maria onde esteve entreverado no CPF Piá do Sul, inclusive, ajudando com próprias mãos na construção da sede da entidade, onde é um dos fundadores, onde foi sota-capataz e posteiro da invernada cultural.

Em Santana do Livramento, no CTG Fronteira Aberta, dirigiu o departamento cultural e artístico em duas gestões, de onde foi levado para à Coordenadoria da 18ª RT, tendo permanecido como Coordenador por quatro mandatos, até  ingressar no Conselho Diretor do MTG. Em Pelotas, em janeiro de 1992, foi eleito foi vice-presidente de eventos, no período de 1992/93. Teve como responsabilidade, o antigo FEGART, onde já era Coordenador do acampamento, do famoso festival de Farroupilha. Em 1992 foi chamado, publicamente, por José Roberto Diniz de Moraes, de “Leão do FEGART” apelido que pegou bem, combinando com o tipo de personalidade de Feltrin, atacando sempre de frente os problemas. Finalmente, Feltrin, no 34ª Congresso, em Esteio, chegou à Presidência do MTG, por dois mandatos, 1994/1995 e foi o primeiro Presidente vindo da fronteira do Rio Grande do Sul.

Por mais de três décadas Feltrin vem prestando serviços aos MTG. Sua energia e austeridade são marcos fundamentais de sua atuação, procurando fazer justiça. Se foi severo em alguns momentos, também foi tolerante e soube perdoar, tendo por tudo isso o respeito e a admiração dos seus companheiros de causa. Feltrin é conselheiro Benemérito e Honorário do MTG, atualmente pertence ao conselho de Vaqueanos da entidade. 

Fonte! Chasque e retrato de Rogério Bastos  - Comunicação digital MTG 

Levamos este chasque para o programa Gritos do Quero Quero da Rádio Acácia FM, na edição do dia 31 de maio de 2014.

sábado, 24 de maio de 2014

Momento da Cultura Regional 19! YASMIN



         
Presidente Savaris
A cada mês de maio o Movimento Tradicionalista Gaúcho realiza a etapa estadual da Ciranda Cultural de Prendas. A cada mês de maio o Movimento se renova e se enriquece com a participação das meninas que concorrem, das famílias que acompanham a ciranda, das regiões tradicionalistas que se fazer representar e, especialmente, pelo cumprimento de um de seus objetivos: proporcionar espaços de crescimento cultural e pessoal aos tradicionalistas gaúchos.


          A 44ª Ciranda foi encerrada com pleno sucesso. Santa Maria nos recebeu de cara alegre, como é do jeito do gaúcho. O clube Dores nos deu um exemplo de dinamismo e parceria: estávamos em casa naquela magnífica estrutura. As provas foram realizadas na maior tranquilidade, sem brigas, com respeito a todos, garantindo que todas as prendas pudessem se apresentar nas melhores condições possíveis.

          Tivemos em Santa Maria a presença de quase 2.000 pessoas para participar da ciranda e a TV Tradição oportunizou a que outras 500 mil pessoas assistissem as provas pela internet.

          As nove prendas que conquistaram os títulos permanecerão por um ano como nossas representantes, com os encargos naturais de ser “prenda estadual”. Cada uma delas se preparou para essa nova situação e, certamente fará o melhor que puder para orgulhar sua família, sua entidade tradicionalista, sua região e o próprio MTG. As nós outros cabe auxiliá-las e ampará-las nos momentos de dificuldades e aplaudi-las permanentemente.

          As prendas que não alcançaram colocação para serem destacadas com o título de “prenda estadual”, foram igualmente vencedoras, independentemente da classificação. Elas estavam lá fazendo o que desejavam e sendo felizes.

          Mas, desta ciranda, vou carregar comigo um episódio que por certo passou despercebido da maioria dos tradicionalistas que se encontravam no baile de encerramento. Eu estava na beira da pista de dança, apreciando os jovens que dançavam e tentando imaginar o que cada um deles estava pensando naquele momento. Para mim era um momento especial porque ali estavam tradicionalistas de todas as idades, bonitos, bem arrumados, alegres, animados e convivendo em harmonia. De repente estava na minha frente uma menina, uma prendinha.

          “Eu sou a Yasmim, de Três de Maio. O senhor dança uma música comigo?” Precisei me curvar para ouvi-la. Imagino que ela tenha uns 10 anos de idade. Confesso que fiquei alguns segundos, entre surpreso e maravilhado. Dançamos uma vaneira. Ela dança bem. Durante a dança lembrei do tempo que minha filha tinha aquela idade e me convidava pra dançar nos bailes e isso me fez muito bem.

          Depois de todo o trabalho de preparação e de dois dias intensos de execução da ciranda de prendas, eu não poderia receber um presente melhor do que ter sido convidado para dançar pela pequena Yasmim (acho que é essa a grafia correta). Parece-me que esse episódio sintetiza a ideologia do próprio Movimento. São momentos como esse que me fazem estar onde estou e fazer o que faço com o maior cuidado e orgulho. Obrigado Yasmim!

         Fonte! Chasque do presidente do Movimento Tradicionalista Gaúcho gestão 2014, Sr. Manoelito Carlos Savaris, publicado no sítio do MTG. Abra as porteiras clicando em www./mtg-rs.blogspot.com.br

         Fonte do retrato: TV Tradição. 

         Opinião. Dance com as crianças todas as vezes que elas te convidarem para tal. Faça isso com teus filhos pequenos. Se eles não te convidarem, convide-os para dançar. Leve-os contigo para o fandango, pois dançar refresca a alma e a aura do vivente, além de ser uma das melhores lidas que hoje chamam de ginástica, onde a dança, segundo os entendidos somente perde para as atividades, os exercícios feitos na água. E aproveite a vida  nesta terra que chamamos de mundo. Valdemar Engroff.
        
         Levamos este chasque (junto com a nossa opinião) para o Programa Gritos do Quero Quero da Rádio Acácia FM, edição do dia 24 de maio de 2014

sábado, 17 de maio de 2014

Momento da Cultura Regional 18! Tadeu Martins o poeta homenageado da 5ª Tertúlia Maçônica



A partir de sua 2ª edição a Tertúlia Maçônica da Poesia Crioula, como forma de reverenciar obreiros da Arte Real que labutam no nativismo rio-grandense, resolveu homenagear um artista maçom. Já tiveram esta honraria nomes como Alcy de Vargas Cheuiche, Telmo de Lima Freitas e Paulinho Pires. Nesta sua 5ª edição, que acontecerá no dia 30 de agosto, o festival vai reverenciar outro grande nome da cultura de nosso estado. Carlos Tadeu Andreatta Martins.

Nascido no Rincão da Timbaúva em São Francisco de Assis/RS, o artista plástico, escritor, desenhista e compositor Tadeu Martins, 61 anos, é casado com Rose Marí Gonçalez Martins e pai de Elisandra, Igor Ramiro, Indira e Glauber. Tadeu é membro da Academia Santo-Angelense de Letras, onde ocupa a cadeira número 21, cujo patrono é Aureliano de Figueiredo Pinto. Além disso, integra a Estância da Poesia Crioula do Rio Grande do Sul.

Como escritor possui nove livros publicados, entre desenhos, poesias e crônicas, além de participar de todas as edições da Antologia dos Escritores de Santo Ângelo. Entre as suas obras, “Tarcas de Estância Antiga”, “Sonetos”, “Exemplário Gaúcho”, “Campeiragem Caricata”, “De Mi Flor”, “Haveres da Pedra”, “Cantata pra Boi Dormir”, “Narrativa de um Bom Dia” e “Jura”. “Muitos amigos dizem que sou um contador de estórias poéticas, aguardem o livro que vou terminar com o Chiquinho Aripuca. Ainda são cinco livros que possuo para editar”, define Tadeu.

Como artista plástico realizou muitas exposições individuais e coletivas pelo Brasil e no Exterior. Vencedor do Cartaz Troféu Martin Fierro/DF. Destaque em Artes Plásticas no Troféu Missões; destaque da década de 1980 em Artes Troféu Clave de Sol; premiado com o Galo de Ouro de Gramado/RS, em artes Congresso Latino-americano de Publicidade; 1º lugar no 10º Festival Nacional de Teatro Cenário; destaque em Arte no RS em 1994; pintou o Acervo Tupambaé (exposto na prefeitura de Santo Ângelo); escultor do Busto de Cenair Maicá, exposto no Hall do Teatro Municipal Antônio Sepp, 1999; escultor dos seguintes monumentos: Tio Bilia, localizado na rótula Tio Bilia, 1999; do Milho, localizado no trevo de acesso à Fenamilho; Delta Luminoso, no acesso à Santo Ângelo, 1998 e Pórtico de São Miguel das Missões, 2002. Laureado como destaque em Artes pelo RS com o troféu “Estado em Arte 2003”. Possui decorações em diversas cidades gaúchas.

Como ilustrador, deixou ilustrações em grande número de livros de autores gaúchos e também ilustrações em Revistas da Argentina e de Portugal; destaca ainda como vencedor de inúmeros Festivais de Música destacando duas Calhandras de Ouro (prêmio máximo da música nativa do RS 1999/2007); jurado em outros tantos Festivais de Música do RS e de Santa Catarina e jurado também em Salões de Artes no RS. Criação do Papai Noel Missioneiro, Santo Ângelo 2005. Monumento ao imigrante, Salvador das Missões 2006; Baralho de truco gaúcho, 2006; CD de música nativa “Por detrás da tarde”, 2006; Sua obra foi tema do desfile estudantil de escolas municipais de Santo Ângelo, 2006; Revitalização total do Centro Histórico da Praça Pinheiro Machado - Santo Ângelo, 2006 a 2008. Jurado da 30ª Coxilha Nativista (Coxilha Histórica de Cruz Alta).

Como diz o mestre Tadeu Martins, “o importante na vida é sempre ter uma obra por realizar. A vida é a rosca sem fim. Às vezes uma palavra ouvida nos dá um poema. Por isso que o escritor tem que andar, refazendo alguns cumprimentos e ouvindo. Não que seja o mais importante, porque até uma sombra de folha pode nos levar a um invento. E quando a inspiração não vem? Aí tiramos uma folga!”.

Fonte: Blog do Léo Ribeiro. Abra as porteiras clicando em www.blogdoleoribeiro.blogspot.com.

Levamos este chasque para o programa Gritos do Quero Quero, edição do dia 17 de maio de 2014. 

sábado, 10 de maio de 2014

Momento da Cultura Regional 17! Pelo Dia do Campo!



Certa feita nos festivais nativistas gaúchos o cantor e compositor João de Almeida Neto concorreu com uma obra de sua autoria intitulada Nova Trilha que ao final diz “Um dia deixei o campo, porque o campo me deixou...”

Correta fora a declaração do artista, pois é exatamente isso que as políticas públicas têm providenciado para o campo, fomento ao abandono, instigando invasões, como se os que lá estão, vivem e gostam, tivessem sidos plantados por algum plano governamental.

Esqueceram-se os da politicagem que os campeiros que ainda estão no campo, lá ficaram por talento, por missão divina, por herança, por abnegação para tratarem e colherem da terra seus frutos ao seu sustento e aos famintos das cidades. Não é visionária as administrações públicas que olham para o campo e seus campeiros com desdém.

A tal reforma agrária tão propalada não saiu e nem sairá dos gabinetes, primeiro porque para ser implementada teríamos que ter no poder gente decente, de fibra, de tutano, do bem, assim falta moral pra sua efetivação, em segundo lugar essa história de desalojar os nativos do lugar para implantar gentes estranhas do ninho e mais estranhas ao serviço rural, não se trata de reforma e sim de uma cretina operação ideológica alimentadora de vadios da urbanidade, aproveitadores que não querem nada com o trabalho, que passarão nos pilas qualquer lote no dia seguinte da doação, venderão a terra a outros oportunistas, ferindo de morte o sagrado e constitucional direito da propriedade.

Dia 5 de maio é o Dia do Campo e portando dos campeiros legítimos, que sabem do tempo bombeando as nuvens do céu, do período de plantar e de colher, de entourar e lidar com o gado, do homem rústico que sofre em família pelas goradas safras, que chora quando sacrificam terneiros matrizes, por abigeato, por pestes, por enchentes ou por seca.

Mas apesar de todos os pesares o campo tem engordado a nação, sim as barrigas do povo, das elites e dos cofres públicos, garantindo inclusive há décadas a balança comercial deste país que gasta o que não devia, que vai se endividando gulosamente, colocando no ralo o sangue e o suor da Pátria verde e amarela como os trigais.

A ti homem e mulher campeira, nutrimos e rendemos o maior afeto, desejando a maior felicidade pelo Dia do Campo, por que sem vocês ai haveriam muito mais agonizantes de fome nas cidades do que já temos, e como escreveu o poeta do Jaráu – Luís Menezes: “Se a honra perdura o Rio Grande está salvo, sairá do abandono e grito o índio ecoando no pago dirá novamente que esta terra tem dono!”   

Para pensar: O campo gera a produção fundamental e não primária!

Fonte! Coluna Regionalismo desta semana, por Dorothéo Fagundes de Abreu.

Chasque levado para o Programa Gritos do Quero Quero na edição do dia 10 de maio de 2014. 

sábado, 3 de maio de 2014

Momento da Cultura Regional 16! Um poeta missioneiro sim, e universal!




Os poemas de Jayme Caetano Braun devem ser estudados e lidos para o prazer do espírito
Há uma certa prática na nossa convivência cultural tão destrutiva e vergonhosa quanto preconceituosa, que é a de rotular. "Gauchesco", por exemplo, é rótulo aplicado aos poetas dos movimentos tradicionalistas. Esses movimentos estão cheios de equívocos tanto estéticos quanto ideológicos, mas a verdade é que geraram uma sólida estirpe de poetas e de músicos. O maior deles foi Jayme Caetano Braun. Para a crítica em geral, porém, nunca passou de um poeta gauchesco.

Borges disse num poema famoso que os gaúchos nunca ouviram a palavra gaúcho, ou a ouviram como um insulto. Os letrados de gravata com certeza se referiam ao poeta Jayme Caetano Braun com essa intenção: era um poeta gauchesco.

Essa divisão grosseira pode satisfazer a inteligência de verniz dos comerciais de televisão para erva-mate ou similares, mas é espantoso que tenha merecido o silencioso aval da inteligência estabelecida no corpo da elite cultural rio-grandense. As resenhas sobre a morte do poeta não dão conta de nenhuma láurea acadêmica em vida para Jayme, reconhecendo seu valor como artista. Duvido que tenham pensado em algo semelhante para qualquer autor sob esse rótulo. João Simões Lopes Neto não vale citar, pois morreu antes do rótulo existir como redutor.

Apparício Silva Rillo foi campeão de vendas da Feira do Livro (com uma série de obras menores, é verdade), mas sua bela poesia e seus contos impecáveis nunca foram levados em consideração para uma homenagem na feira que ele tanto ajudou a tornar ainda mais gaúcha.

Barbosa Lessa ainda escreve e publica com finura e erudição, mas é gauchesco. E Vargas Netto? Glaucus Saraiva? Tantos e tantos esquecidos burramente sob o rótulo de gauchesco.

Não acho que Jayme Caetano Braun fosse um poeta gauchesco. Era um poeta do Rio Grande do Sul, um poeta que, ao descobrir seu dom, adequou-o na criação de uma linguagem singular, para trata de um tema singular: sua terra e sua gente.
Cenair Maicá, Chaloy Jara, Jayme Caetano Braun e Pedro Ortaça (Argentina Posadas)

Dentro do opulento unvierso lingüístico da obra de Jayme Caetano Braun, existem alguns versos simples que, me parece, definem bem sua poesia e sua personalidade: "Brinquei com gado de osso / Na sombra do velho umbu / e assim volteando o amargo / e o churrasco meio cru / Fui crescendo e me orgulhando / De ter nascido um chiru!"

Orgulho é uma palavra definidora. Mas esse orgulho, atentem, só foi aparecendo à medida que o poeta crescia, isto é, à medida que lançava o olhar ao mundo que o cercava e começava a entendê-lo. à medida que o rio, a fronteira, as Missões, a pedra, o cavalo, o umbu, o pampa foram tomando um sentido. À medida que descobria o passado e percebia lá as marcas desta nossa civilização meridional. Então ele colocou seu talento para cantar essas coisa tão próximas: "Meu canto é rio / meu canto é sol / meu canto é vento / Eu tenho pátria / Eu tenho berço / Eu tenho glória / Eu só não tenho terra própria / porque a história / que escrevi / me deserdou no testamento!"

Parece que fala dos sem-terra e fala mesmo. Cantor da beleza, do amor e do orgulho de ser gaúcho, Jayme Caetano Braun nunca foi um laudatório vazio e pomposo. Seu verso incluía o deserdado e espoliado, que são a maioria. Os discos e CDs que deixou afirmarm uma voz densa e persuasiva, forte e delicada, que saboreia cada palavra como um sorvo de chimarrão, para arriscar uma imagem do seu universo poético.

É de esperar que, no milênio que se aproxima, os rótulos sejam derrubados e o payador missioneiro seja reconhecido apenas como o que ele é: um poeta. Para ser estudado nos vestibulares, festejado nas feiras e lido para o prazer do espírito.

Fonte! Chasque de Tabajara Ruas - Escritor, jornalista e roteirista de cinema e televisão, autor de Netto Perde sua Alma (Mercado Aberto, 1995), publicado no sítio Prosa Galponeira. Abra as porteiras clicando em www.prosagalponeira.blogspot.com

Este chasque foi levado para o Programa Gritos do Quero Quero da Rádio Acácia FM, na edição do dia 03 de maio de 2014.

sábado, 26 de abril de 2014

Momento da Cultura Regional 15! A fundação do 1º CTG do mundo!


O primeiro CTG do Rio Grande do Sul foi o 35 CTG, fundado em 1948, a partir dos estudantes do Colégio Júlio de Castilhos. 

Além de criar uma tradição gaúcha, era preciso desenvolver a cultura rio-grandense. Foi dentro deste espírito que nasceu a Ronda Crioula, estendendo-se do dia sete ao dia vinte de setembro, aproveitando a “Semana da Pátria”, e fazendo o “Fogo Simbólico da Pátria” se transformar em “Chama Crioula”, como símbolo da união indissolúvel do Rio Grande à Pátria. 

Paixão Cortes, um dos líderes do movimento, foi convidado para montar guarda de gaúchos pilchados em honra ao herói farrapo David Canabarro, porque seriam trazidos os restos mortais do herói de Santana do Livramento para Porto Alegre. 

Paixão Cortes, então, reuniu um piquete de oito gaúchos, e no dia cinco de setembro de 1947 prestaram a homenagem a Canabarro. Este piquete é conhecido como “Grupo dos Oito”, o qual foi a semente que levou à criação do primeiro CTG rio-grandense. 

Em 24 de abril de 1948, começou-se a realizar conferências, grupos de estudos, já com o CTG constituído em movimento. As atividades se dariam no auditório da FARSul. 

O 43º Congresso Tradicionalista Gaúcho reconheceu todos os fundadores do 35 CTG como pioneiros do Tradicionalismo organizado. Paixão Cortes foi o primeiro patrão de honra e o patrão oficial foi Antônio Cândido da Silva Neto, sendo Glaucus Saraiva patrão quando da fundação. 

Antônio Fagundes assumiu em 1956 a patronagem do 35 CTG, com apenas 21 anos de idade. O nome deste Centro de Tradições foi escolhido em homenagem à Revolução Farroupilha, que teve seu início em 1835. A entidade se destacou pelo modelo organizativo do desenvolvimento tradicionalista, até porque outras entidades possivelmente já existissem, mas não para propagar o Rio Grande do Sul como cultura. Por isso o 35 CTG é considerado o pioneiro a levar o tradicionalismo do Rio Grande além das fronteiras. Portanto, a tradição gaúcha dos CTGs se tornou um marco histórico do século XX no Rio Grande do Sul como a principal cultura do estado.

Fonte! Chasque publicado no sítio Gente, Lugares e Coisas, dos pagos da cidade gaúcha de Horizontina,  em 2011. Abra as porteiras: www.ruieloiarend.blogspot.com.br/.

Fonte do retrato: www.35ctg.com.br



Este chasque levamos para o programa Gritos do Quero Quero, edição do dia 26 de abril de 2014. 

sábado, 19 de abril de 2014

Momento da Cultura Regional 14! O folclcore da páscoa



A Pascoa ou Semana  Santa é o conjunto de elementos culturais espontâneos europeus ligados a textos bíblicos.  
Páscoa vem do hebreu Pessach que significa a passagem da escravidão para a liberdade.
O Pessach simboliza o fim da escravidão do povo judeu no Egito e as provações sofridas até chagar a Terra Santa. 
OS DIAS DA PASCOA OU SEMANA SANTA 
Domingos de Ramos - O domingo que antecede a pascoa foi implantado na Europa como festa eclesiástica desde o século VIII.
Quinta feira Santa – Procissão de Cristo – Guardam a Eucaristia.
Sexta Feira Santa _ Recomenda de Almas, Matracas substituindo os sinos cujo soar é proibido. Jejum e abstinência de carne. O rito do fogo novo de origem hebraica revive a queima de Judas.
Na Sexta Feira Santa o túmulo pascal onde é colocado o santo sacramento, é encenado a guarda de Pilatos e o túmulo são guardados até domingo de madrugada.
Sábado – Preparo da cesta pascal, cordeiro, açúcar com manteiga, carne assada, salame, pão, bolo com frutas secas, sal pimenta, ovos cozidos.
O alimento é benzido na igreja. Em casa a família reparte o ovo bento.
Domingo – Todos se reúnem aos pés do tumulo, quando o padre ergue a custódia com o Santo Sacramento os guardas caem no chão. Procissão em redor da Igreja.
As crianças acordam e vão procurar os ninhos de que foram escondidos na noite anterior pelos pais. 
O FOLCLORE DA PASCOA OU SEMANA SANTA 
Segundo Maynard de Araújo, a Semana Santa insere-se ao grupo das festas do Senhor, É móvel e tem caráter universal.
Rossini Tavares de Lima salienta que o folclore do ciclo da páscoa no qual se integra a Semana Santa, aparece como conjunto complexo de elementos culturais espontâneos, uns derivados de textos evangélicos e outros, de conceitos populares europeus.
O costume de levar a igreja uma palma, para que recebesse a benção da missa no Domingo de Ramos, implantado no século VIII por quase toda a Europa, tem como motivo determinante a festa eclesiástica.
Rossini partilha da mesma opinião de Arnold Van genes de que a partir dos testos evangélicos e do cenário que descrevem é que se organizou o folclore da pascoa.
A proibição de fazer soar os sinos da quinta freira ao sábado, assim como de executar música festiva, cantar, gritar em falar alto sugere recolhimento no período que medeia entre a morte de Cristo e sua ressureição, surgem então as matracas de diversos tipos, a imitação dos cristãos que batiam com pedaços de paus nas catacumbas, por falta dos sinos.
A interpretação popular do Evangelho, grande número de crendices e praticas magicas ou invenções autônomas afloradas neste ou naquele momento da idade média tem como ligação o período sagrado.
Surgem no ciclo de cerimônias litúrgicas as quais podem apresentar adições folclóricas: procissões, peregrinações.
As representações dramáticas da Paixão de Cristo que se relacionam diretamente aos mistérios e milagres medievais.
O rito do fogo novo, de origem hebraica na expressão da queima de Judas, sobreviveu nas prescrições históricas e mesmo no rito romano, recodificada.
O FOLCLORE DO DIA DE PASCOA
O Ovo enfeitado oferecido como presente de Páscoa é uma tradição que começou na idade média, para ocidentais. Séculos antes os chineses usavam colorir ovos cozidos que eram distribuídos os amigos na festa da primavera. O costume foi trazido ao ocidente por missionários e o colorir ovos tornou-se arte requintada.
O uso de ovos na pascoa data pelo menos do século XIII, quando os estudantes das universidades de Paris, rapazes iam cantar saltas na porta da Catedral e depois organizados em procissões faziam colheita de presentes pascais, ovos especialmente. Distribuíam aos amigos, parentes, vizinhos e eram tingidos de azul e vermelho.
O Ovo de páscoa moderno apareceu em 1814, quando se iniciou o desenvolvimento da indústria de chocolate, depois de 1914, apareceram no Brasil (fabrica Neugebauer do Rio Grande do Sul),  especialmente nas grandes cidades do sul.
No Século XVII e Século XIX apareceram os cestinhos de ovos nos gabinetes dos reis.
O costume de oferecer ovos é comum a todos os povos católicos
Fonte! Este chasque é a nossa mensagem de Feliz Páscoa a todos os ouvintes da Rádio Acácia FM,  deste terra que chamamos de mundo e que está publicado no sítio do Instituto Gaúcho de Tradição e Folclore - IGTF. Abra as porteiras clicando em www.igtf.rs.gov.br/
Este chasque levamos para o Programa Gritos do Quero Quero na edição do dia 19 de abril de 2014. 

sábado, 12 de abril de 2014

Momento da Cultura Regional 13! Barbosa Lessa, uma obra "soterrada" pelo tradicionalismo


Após assistir um documentário até então desconhecido por mim, sobre Luiz Carlos Barbosa Lessa, tive mais certeza de dois aspectos que envolvem este ilustre intelectual brasileiro.
 
Primeiro que sua obra ainda não foi totalmente desbravada, explorada e conhecida de perto, precisa urgentemente ser “apossada” por nós, precisamos usá-la integramente nos mais variados campos do conhecimento, pois a mesma se aplica e tem links que se conectam com os mais variados temas do cotidiano humano, não ficando restrito apenas a nossa cultura folclórica do Rio Grande Sul.

E segundo, que o Tradicionalismo acabou “soterrando” sua obra. O Dicionário nos explica que o sentido desta palavra Soterrado “é estar metido por baixo da terra, estar coberto de terra.” Uso aqui o sentido de encobrir com um espesso manto, ocultando outras potencialidades que mesma pode ter, e vir à luz, daqueles que a procuram, ou então, se apercebendo por apenas este viés, não tem contato com outros aspectos da construção teórica de Luiz Carlos Barbosa Lessa.

O poeta e também advogado Juarez Machado de Farias, escreveu seu Trabalho de Conclusão de Curso abordando um importante olhar sobre a obra deste o qual nos propusemos a traçar estas reflexões, também mencionando o envolvimento Tradicionalista. O trabalho intitula-se “A Obra Literária de Barbosa Lessa Como Ferramenta Pedagógica de Valorização do Povo Negro”. 

Transparece-me que o senso comum, ou os poucos que não fazem parte das agremiações tradicionalistas, somente conhecem a obra de Barbosa Lessa, ou parte dela, vinculada a o cabedal teórico que permeia as cartilhas “cetegistas”, olvidando assim, que este autor desenvolveu vários projetos no campo da poesia, da musica, da ecologia, do jornalismo e etc... Fragmentando assim sua contribuição para a cultura geral, em diversas ramificações, e não atendo se assim apenas ao Tradicionalismo. Talvez, seja este sim o assunto a qual ele mais se dedicou, mas o que aqui eu proponho fazer é que possamos desvincular este tema, e lançar um olhar mais aprofundado sobre sua obra literária, onde o mesmo aborda e questiona importantes temas sociais, de uma realidade marginalizada tão atual em nossos tempos.

Ele também teve uma preocupação grande, quase que uma devoção, ao povo negro, por entender que sem a permanecia e vinda deles para este continente, este País não seria o que hoje é. Ele foi o primeiro a compor uma musica com ritmo afro em um festival Nativista em nosso estado. Estudava profundamente a língua Tupi Guarani e sua influencia no nosso dialeto, com suas interferências nas lendas e causos que ele recolhia nos rincões mais ermos deste estado. Conhecia muito sobre as propriedades medicinais das ervas, sempre foi um grande observador e leitor deste livro monumental que é a mãe natureza.

O que proponho é que possamos ver Barbosa Lessa além do Tradicionalismo, que possamos pesquisar ele e sua obra, de uma forma nítida e não influenciada pelo tradicionalismo.

Seus contos abordam vários aspectos sociais, abordam as mazelas econômicas que tão fortemente até os dias atuais atingem os moradores das zonas rurais, saindo daquele modelo clássico de entendimento de como o gaúcho é visto e pensado, ou seja, como um herói, uma figura romantizada e épica.

Seus escritos quando lidos merecem um estudo mais acurado das situações que envolvem seus personagens, pois não raro os leitores leem de uma forma rasa e superficial, não refletindo nas questões psicológicas e sociológicas que aparecem como pano de fundo de sua narrativa.

Precisamos analisar digamos toda a “geografia” que envolve seus contos, seus personagens, suas metáforas e suas ironias, Barbosa Lessa como um autor inteligente que era, pensou em passar informações subliminares que suscitasse á seus leitores a reflexão quando decorriam os quadros narrativos literários, ampliando o “horizonte” de entendimento de sua obra e não somente com as simples ideias descritivas.

O leitor precisa estar atento a isso, e quando ele se da conta, que pode extrair mais informações que o texto oferece a possibilidade para conexões com outros paralelos de discussão, sua obra sobremaneira se torna mais rica, interessante e estimulante. Fato este que nos permite trabalhar sua obra em vários outros campos do conhecimento, além das paredes de um mero centro de tradições gaúchas.

Fonte! Chasque de Alan Otto Redü publicado no sítio Prosa Galponeira. Abra as porteiras clicando em www.prosagalponeira.blogspot.com. Retrato de Beatriz Colombelli.

Chasque levado para o programa Gritos do Quero Quero da Rádio Acácia FM, que foi ao ar no dia 12 de abril de 2014. Fonte do Retrato: http://ctgsinuelodosul.wordpress.com

quarta-feira, 9 de abril de 2014

Especiais Acácia: IRAN MAIDEM

Bueno! Pra quem é chegado num rock bagual dos bons, dos antigos, mas super atuante, fique do outro lado do rádio no dia 11 de abril, na Rádio Acácia FM 87,9, com o âncora Sérgio Pires.

Abra também as porteiras do teu computador e sintonize a nossa emissora. Abra as porteiras clicando em www.acaciafm.com.br

sábado, 5 de abril de 2014

Momento da Cultura Regional 12! Estariam os Festivais Nativistas em Decadência????



O pioneiro dos festivais nativistas
O que estaria ocorrendo com determinados festivais nativistas do Rio Grande do Sul?

Para alguns analistas do assunto e entendidos na matéria as castas criadas entre os eventos, estariam colocando em risco a credibilidade dessas promoções às quais deveriam resgatar a verdadeira história cultural em sua plenitude.

Segundo eles, o que se constata hoje são triagens musicais sem qualquer critério, e com letras escritas as quais não tem nada com o tema central, e pelo volume de inscrições deveriam ter mais tempo na analise, pois entre 800 a 1.000 inscritos é totalmente impossível uma avaliação coerente em apenas dois ou três dias para uma avaliação criteriosa.

Com essa precipitação na escolha de quem sobe ao palco, a correria acaba ocasionando os mais diferentes problemas, deixando-se de lado o tema central dos festivais na berlinda. Em alguns casos dizem os analistas, que a escolha na maioria das vezes recai sobre os amigos de quem escolhe, e de quem promove, quando isso não estaria ao interesse de produtores os quais indicam jurados, e artistas para os intervalos, quando estes mesmos produtores acabam sendo empresários no setor, conhecidos como a lei de Gerson " Gostam de levar vantagem em tudo".

E esses mesmos analistas afirmam ainda, que diante dos atropelos acabam ficando de fora trabalhos excepcionais com nomes importantes na vida cotidiana da música gaúcha, e  que logo ali suas músicas estarão fazendo sucesso em CDs, mas por birras de alguns interessados no assunto acabam deixando esses trabalhos de lado.

Os conhecedores culturais são defensores que  os Festivais Nativistas deveriam ser revistos em todo seu conceito, e até mesmo interrompe-los por um período para uma profunda analise da atual situação, sob pena de logo ali ficarem somente na história dos municípios organizadores.

Para estes conhecedores, se persistir a forma como está, os festivais nativistas por certo vão cair no descrédito de patrocinadores, e até mesmo diante do público.

Os mesmos destacam ainda que a desorganização em alguns eventos do gênero chega a tal ponto que existem mais chefes do que índios, eis que os locais dos eventos acabam tornando-se em verdadeiros palcos políticos, ocasionando até mesmo o atraso, deixando a plateia irritada.

Os próprios analistas de festivais destacam que ao persistir a forma como eventos vem sendo conduzidos, a dispersão do povo será ao natural, quando então somente organizadores farão parte desta plateia. E quem ficará no prejuízo além do público, são os próprios músicos que acabam banidos deste contexto.

Para tais analistas a falha organizacional, e o desinteresse dos gestores em mudar este conceito somente fortalecerá ainda mais as confrarias espalhadas pelo estado, pois é lá que está ressurgindo esse novo conceito musical no mundo nativista. 

Fonte do chasque: www.radiocidadesa.com.br. Publicado no Sítio Identidade Campeira. Abra as porteiras clicando em www.identidadecampeira.blogspot.com 

O presente chasque foi levado para o Programa Gritos do Quero Quero da Rádio Acácia FM, no dia 05 de abril de 2014. Crédito para o retrato: http://produto.mercadolivre.com.br