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domingo, 23 de março de 2014

Momento da Cultura Regional 10! A eliminação da discriminação racial começa em casa!


Dia 21 de março é a marca da ONU para reflexão ao racismo, pelo Massacre de Shaperville em Joanesburgo em 1960. Como já citei aqui e repito, (para que não esqueçam e porque sempre temos novos leitores), nasci na cidade de Uruguaiana e me criei entre os meios urbano e rural, mais precisamente nos distritos do Imbaá, depois em São Marcos e na Barragem Sanchuri.

Na década de 1970 vivia em São Marcos, na barranca do Rio Uruguai, de frente a Yapeju, Província de Corrientes, Argentina, época em que meu pai fora diretor do projeto Cidade dos Meninos da FEBEM, quando convivíamos fraternalmente com aquela gurizada interna, onde de certa feita eu e meus irmãos (Quico, Renato e Leila Fagundes de Abreu) éramos internos também.

Pela segunda vez morávamos num orfanato, a primeira fora no segundo quartel da década 1960, na Escola Assistencial Santa Rita que virou Sociedade de Amparo ao Menor de Uruguaiana que a FEBEM encampou.

Como era lindo ter muitos irmãos para brincar de tudo, só nos separávamos quando íamos para o colégio, do contrario éramos unha e carne, sempre juntos, inventando o que fazer para passar o tempo, principalmente nos finais de semana. 

Naquela irmandade, tinha guri de todos os pelos, tamanhos, idades e raças, bem distribuído e harmoniosamente vivendo brancos, pretos, índios e mestiços, tendo como base moral a das igrejas católica e metodista, nunca vi alguma briga por questões raciais ou privilégios, tudo era comum de todos, deveres e direitos iguais.

Certa feita em São Marcos num final de semana, combinamos eu e o Quico, meu irmão mais moço, irmos a um baile no salão da Colônia das Rosas, no distrito de João Arregui, lindeiro da Barragem Sanchuri e de Itaqui, assim convidamos o Canhão, nosso irmão negro interno da SAMU e de FABEM, com quem fomos criança e estávamos juvenis.

O Canhão ficava no orfanato nos finais de semana pela distância de casa, ele era de Viamão, de nome Vilmar, compleição mediana, sadio, forte, muito alegre, disposto, amigo para qualquer cruzada, sempre estava disposto e o apelido era porque tinha um pataço no futebol além de ter uma pele cor de petróleo.

Então naquele sábado de verão quando anoiteceu, nos ajeitamos e logo que o pai se recolheu para dormir, pé, por pé eu peguei a chave do carro e o trio, na surdina, sacamos empurrando o Chevrolet Opala da garagem, e quando estávamos numa distância boa, funcionei o motor e nos tocamos para o baile, mais faceiro que pato na taipa do açude, louco pra chegar n’agua.

Em João Arregui, o surungo estava formado, estacionamos perto da entrada, na bilheteria pedi logo três ingressos, dai quando adentramos uns quatro paços no salão, alguém da portaria falou, vocês dois podem passar, mas aquele rapaz não. Na hora exclamei – porque não, se ele pagou ingresso? E o cara respondeu: Porque ele é negro!

Olhei para o Vilmar e ele meio encabulado falou, vão vocês que eu espero lá fora. Juro, me deu vontade de prender o pé naquela classe escolar que fazia vez de balcão da portaria, mas os bons costumes me impediram, olhei para o Quico e disse, se ele não entra eu também não vou entrar, o Quico em cima do laço largou por deboche, e nem eu fico nesta bosta.

Assim pegamos os pilas, saímos e retornamos para casa fazendo graça para não chorar do triste episódio e desde então me indago: Porque tem gente que se acha superior a outras porque é branco, como se a cor da pele fosse o reflexo da alma?

Que bom que naquela década surgiu o Rei Pelé, o maior atleta de futebol do mundo de todos os tempos e que nesse milênio temos um negro como o homem mais poderoso do planeta, mandando no baile da Casa Branca.  E até hoje sinto vergonha pela Colônia das Rosas que por certo murcharam e morreram indignadas ao verem tanta ignorância exalada pelo odor do preconceito.   

Para pensar: A alma é branca e o espírito é luz, a cor de cada corpo, foi naturalmente imposta pela condição do habital.           

 

Fonte! Coluna Regionalismo, por Dorotéo Fagundes de Abreu, do dia 18 de março de 2014.



Observação: ajudei a tirar do ar no Facebook uma página racista (Valdemar Engroff): Uma página que chamava a atenção de forma negativa nas redes sociais. No Facebook foi criada uma página que faz piadas preconceituosas com os negros e dissemina o ódio com peças discriminatórias. Chamada Não fumo pq se fumar meu pulmão fica preto, e de preto mantenho distancia, a página criada em 6 de março de 2014  já tinha 2.442 curtidas.

Orientações quando se depara com uma imbecilidade destas:

Mais importante do que apenas denunciar via políticas do Face é entrar em contato com órgãos cometentes para fazer a denúncia.
As denúncias podem ser feitas no portal da Safernet. O trabalho da CND reúne informações de sete entidades responsáveis por receber denúncias sobre crimes virtuais – o que inclui Polícia Federal e a Secretaria de Direitos Humanos da Presidência da República.

Existe um formulário eletrônico direto na Polícia Federal que permite apontar, de forma anônima, sites considerados ofensivos; endereço de e-mail também está disponível. O formulário, que já pode ser visitado em http://nightangel.dpf.gov.br, é o mesmo para os três tipos de denúncia e tem dois campos, um para o endereço do site ofensivo e outro para comentários.

Via Facebook
1 – Coloque-se na página que pretende denunciar;
2 – Desça bem para a parte inferior. Do lado esquerdo clique em Denunciar Página;
3 – Escolher uma das razões/opções propostas, e seguir os passos indicados e envie.
Essa denúncia é enviada até uma equipe Facebook que vai examiná-la e, se for constatada a irregularidade, a página será retirada do ar.
Vale lembrar que, quando a denúncia não envolve sites, o usuário é orientado a ligar para o Disque Denúncia da Secretaria Especial dos Direitos Humanos (100) ou enviar um e-mail para denuncia.ddh@dpf.gov.br.
É possível usar também o Disque-racismo (21) 3399-1300- apesar do número ser do Rio de Janeiro. Se  o denunciante for de outro estado terá a denúncia encaminhada assim mesmo.
Penas para quem comete este crime
Para entender melhor como é a punição, veja o caso de um usuário do orkut. Ele acabou julgado e condenado por racismo contra índios por manter a comunidade Índios… Eu Consigo Viver Sem. A Justiça Federal no Pará decretou para ele pena de dois anos e seis meses de prisão, que foi convertida em prestação de serviços à Fundação Nacional do Índio (Funai). Ele também teria de pagar R$ 20 mil de multa, mas cabendo recurso.
De acordo com a Procuradoria da República, o usuário deixava explícito seu racismo ao escrever que concordava com a política norte-americana, e que deveriam matar todos os índios e passar a estudar a história deles “pós morten”, e denigria os índios. Mesmo pedindo desculpas, o  juiz do processo entendeu que ele tinha consciência de suas atitudes, por estar integrada ao meio social e sabendo das consequências de seu ato.
De acordo com a Lei 9459, de 13 de maio de 1997, as penas são de até cinco anos de reclusão, além das multas, para qualquer crime resultante de discriminação ou preconceito de raça, de cor, etnia, religião ou procedência nacional – além de ser inafiançável.

Estas orientações tem como fonte o Jornal do Povo, do Estado do Paraná, http://jornaldopovoparana.com/imbecilidade-sem-limites-pagina-racista-no-facebook-causa-polemica/

Chasque utilizado no programa Gritos do Quero Quero do dia 22 de março de 2014, no "Momento da Cultura Regional".

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